Há viagens que nos levam para longe — e há aquelas que nos levam para dentro. Ao mesmo tempo que estamos conhecendo um lugar novo, a experiência vai trazendo um monte de reflexões e estado de presença. Você vive o que está vendo ali, e isso vai mexendo internamente com cada um de nós.
Viajar é, antes de tudo, um exercício de presença. É colocar o corpo em movimento e a alma em pausa. É, como dizia Mark Twain, “exercitar a tolerância e a flexibilidade, porque é quando percebemos que existem outras maneiras de se viver.”
O turismo no Nepal e Butão é isso: uma travessia entre mundos, entre a agitação colorida de Katmandu e a serenidade quase mística dos vales butaneses.
Foi com esse espírito que embarquei no projeto Conexões e Viagem, ao lado da Dra. Ana Cláudia Quintana e do Dr. Alcio Braz, rumo ao Nepal e ao Butão — dois países separados por fronteiras geográficas, mas unidos por uma mesma essência: a busca pela plenitude.
Apesar de ter sido uma saída específica do projeto Conexões em Viagem, a Venturas tem esse mesmo roteiro com saídas privativas. Consulte nossa equipe.
Confira essa jornada por belezas naturais, culturas ancestrais e uma alegria contagiante. Boa leitura.
Silêncio, presença e partilha: os rituais que amplificaram a viagem interior

Toda manhã começava com um instante de quietude. Quinze minutos de silêncio, olhos fechados, respiração tranquila — era o momento em que cada um de nós se conectava consigo mesmo, antes que o mundo lá fora chamasse de volta.
Essa simples rotina de meditação, seguida das rodas de conversa e reflexão ao fim do dia, tornou-se o fio invisível que costurava a experiência. Cada partilha trazia novas camadas de significado. O que havíamos visto, sentido ou estranhado ganhava contorno nas palavras do outro.
Entre templos e montanhas, fomos descobrindo que o verdadeiro movimento não estava nas estradas, mas dentro de nós. Essas pausas, silenciosas e sinceras, foram as bússolas que transformaram o roteiro em um caminho de autoconhecimento e conexão com o grupo.

Nepal: o caos sagrado e a celebração da vida
Em Katmandu, a vida pulsa em todas as direções. As ruas fervilham com buzinas, cheiros, cores e sons. Chegamos em meio ao festival Tihar (são 5 dias de comemorações). Nos dias 20 e 21 eles estavam fazendo estas ornamentações e orações para Lakshmi.
Momento em que as casas são limpas e decoradas para receber a deusa da prosperidade. Velas nas portas, desenhos feitos à mão e um ar de reverência envolvem a cidade. Oferendas sinceras à deusa para que ela traga abundância.
No dia 23 era o dia da cerimônia Bhai Tika, que tivemos o privilégio de participar. Durante a celebração, as irmãs mais novas fazem a “Tika”, em que realizam pinturas na testa e rezam pelos irmãos mais velhos.
Transitamos também entre templos milenares e costumes ancestrais, onde o moderno e o tradicional convivem em uma harmonia improvável. Nas ruas de Katmandu, cafés dividem espaço com monastérios cobertos de incenso, permitindo a manifestação de uma das tradições mais intrigantes do Nepal: a lenda da Kumari, a deusa viva.
Escolhida entre meninas da comunidade Newar, a Kumari é considerada a encarnação terrena da deusa Taleju. A busca pela nova deusa acontece nas aldeias, onde os sacerdotes analisam dezenas de candidatas — meninas que devem possuir os “32 sinais de perfeição”, segundo antigos textos sagrados.
Quando uma é escolhida, ela passa a viver no palácio da Kumari, no coração de Durbar Square, em reclusão quase total. Seus pés não tocam o chão e ela só aparece em público durante festivais, quando é carregada em procissão.
Seu reinado termina com o primeiro ciclo menstrual — momento em que, segundo a crença, a deusa parte de seu corpo e outra menina é procurada para ocupar o trono sagrado. É um costume que mistura devoção e revela como o Nepal consegue preservar o antigo mesmo diante do ritmo acelerado da vida contemporânea.
Nagarkot: onde o silêncio encontra o Himalaia
Sendo assim, acho que é importante num roteiro desses buscar maneiras de ir além da primeira impressão que se tem numa capital. Por isso, a Venturas procura sempre incluir nos roteiros experiências de contato com a natureza e com o interior do país — e Nagarkot é um desses lugares.
É ali que o Nepal revela sua verdadeira beleza. O sol nasce diante da cadeia do Himalaia, e o silêncio das montanhas nos lembra o que é presença. Caminhar por suas trilhas é um exercício de humildade e gratidão. O ar frio, o vento leve e o horizonte infinito nos convidam a desacelerar — a ouvir o que o silêncio tem a dizer.
Bhaktapur: o luxo da simplicidade
Dormir em Bhaktapur, cidade tombada pela UNESCO, é como voltar no tempo. O arroz seca nas ruas, as crianças correm entre templos, e os sinos soam entre monges e turistas. O conforto pode ser simples, mas a experiência é de um luxo silencioso — o luxo de sentir.
A experiência justifica você ter uma noite mais simples num lugar menos confortável, para poder sentir a atmosfera do lugar, quando os turistas já se foram. À noite, quando as ruas se esvaziam, Bhaktapur ganha uma quietude quase sagrada — e é ali que o Nepal se revela em sua essência.
Pokhara e Dhampus: entre lagos e montanhas
De Bhaktapur, seguimos rumo a Pokhara, a segunda maior cidade do Nepal. Ela nos recebeu com uma paisagem belíssima: um lago imenso refletindo as montanhas nevadas, entre elas a Machapuchare, conhecida como rabo de peixe, uma das mais icônicas do Himalaia.

Pokhara é o ponto de partida para diversos trekkings — mas não é preciso ser atleta para vivê-los. Basta um passo de curiosidade para sentir o espírito imersivo do Nepal. Fizemos uma caminhada leve até a vila de Dhampus, cercada por arrozais e casas simples, onde o tempo parece correr em outro ritmo.
Para quem não quis caminhar, havia sempre um plano B, com transporte de apoio. Porque o propósito não era desafiar apenas o corpo — era abrir espaço para o olhar, para o encontro com o cotidiano local, para o prazer de estar presente.
Ao final da jornada pelo Nepal, entre o pôr do sol sobre as montanhas e o espelho d’água do lago de Pokhara, ficou a certeza: no Nepal, cada paisagem é também uma lição sobre o que é essencial.
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Pacotes de viagem para o Nepal
Butão: onde a felicidade é política de Estado

Deixamos o Nepal e seguimos para o Butão, o país que mede sua riqueza não pelo PIB, mas pela Felicidade Interna Bruta e por isso conhecido como Reino da Felicidade.
O conceito do FIB foi criado em 1972 pelo quarto rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, como alternativa ao PIB, com o objetivo de medir o progresso do país pelo bem-estar coletivo, não apenas pela economia.
Os 4 pilares do FIB:
- boa governança – administração ética e transparente;
- preservação da cultura – valorização das tradições, idioma e espiritualidade;
- proteção ambiental – mais de 70% do território é coberto por florestas;
- desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo – crescimento com justiça social.
A partir destes pilares, todas as ações governamentais são tomadas contemplando também o convívio social saudável, o bem-estar econômico e psicológico da população. Diante de um país com valores e cuidados tão diversos do que vemos no resto do mundo, existe muita curiosidade para conhecer e saber um pouco mais sobre o Butão.
Sentar-se no lado esquerdo da aeronave me garantiu uma janela direta para o vale, para as montanhas imponentes que envolvem a pista. O Paro International Airport está situado em um vale profundo, a cerca de 2.235 m de altitude, com picos de quase 5.500 m ao redor.
O avião serpenteia entre as montanhas, e quando aterrissa, temos a visão de um aeroporto todo ornamentado. Aqueles tons vibrantes do Nepal dão lugar a cores mais harmoniosas, bastante coloridas, mas tudo em tons pastéis, e muito delicado, um trabalho artesanal, com as colunas todas pintadas, produzindo um encantamento imediato.
Aqui, o tempo desacelera. Os butaneses caminham com roupas tradicionais, eretas, orgulhosos de sua cultura preservada. Em contraste com a hospitalidade expansiva dos nepaleses, os butaneses guardam distância respeitosa — o sorriso contido, o olhar profundo.
Em Thimphu, a capital, a ordem e a harmonia são visíveis. Nenhum prédio ultrapassa seis andares; todas as janelas são entalhadas à mão. Visitamos os dzongs, antigas fortalezas que hoje abrigam tanto órgãos públicos quanto monastérios budistas, lembrando que o Butão é um país de fé viva, onde espiritualidade e governo coexistem.
Mesmo sob chuva, o encerramento da viagem em Paro foi comovente. Diante do famoso Ninho do Tigre (Taktsang Monastery), que não pudemos ir por questão de segurança, bastava olhar de longe e sentir.
Pacotes de viagem para o Butão
Turismo no Nepal e Butão: uma viagem que transforma

Viajar pelo Nepal e pelo Butão é testemunhar extremos: o caos e o silêncio, o sorriso largo e a introspecção, a devoção e o desapego. É, acima de tudo, um convite à presença — a estar inteiro onde se está.
Entre meditações matinais, rodas de partilha e a vastidão do Himalaia, compreendi que o verdadeiro destino dessa jornada não era geográfico. Era interior.
Experimente uma viagem que une natureza, espiritualidade e o mais raro dos roteiros: o caminho de volta para si mesmo. Fale com a gente.
FAQ — Turismo no Nepal e Butão
1. Qual é a melhor época para visitar o Nepal e o Butão?
A melhor época para conhecer ambos os destinos é entre março e maio, durante a primavera, quando o clima é ameno e os vales florescem, ou entre setembro e novembro, quando o céu está mais limpo e as montanhas do Himalaia se revelam em todo o seu esplendor.
2. É possível combinar Nepal e Butão na mesma viagem?
Sim, e essa é justamente uma das experiências mais transformadoras. A proximidade geográfica e a conexão espiritual entre os dois países tornam o roteiro perfeito. A Venturas organiza viagens integradas que permitem explorar o contraste entre o ritmo vibrante do Nepal e a serenidade contemplativa do Butão.
3. Preciso de visto para entrar no Nepal e no Butão?
Sim, ambos exigem visto. O visto do Nepal pode ser obtido online ou no aeroporto de Katmandu, de forma simples. Já o visto do Butão é emitido apenas por agências credenciadas pelo governo local — e a Venturas cuida de todo o processo para o viajante.
4. Qual é a principal diferença entre os dois países?
O Nepal é intensidade e energia: uma mistura fascinante de caos, espiritualidade e vida pulsante nas ruas. O Butão, em contraste, é calma e introspecção: um país que mede seu sucesso pela Felicidade Interna Bruta e convida o visitante a desacelerar. Juntos, formam uma jornada completa entre movimento e quietude.
5. O que não posso deixar de ver no Nepal e no Butão?
No Nepal, os destaques incluem Katmandu, o nascer do sol em Nagarkot, o charme histórico de Bhaktapur e o cenário mágico de Pokhara, com o reflexo do Himalaia em seu lago.
No Butão, o voo panorâmico até Paro, o Taktsang Monastery (Ninho do Tigre) e os dzongs de Thimphu são experiências que ficam gravadas na alma. Quem puder esticar até Punaka, vale muito a pena.
6. É uma viagem para qualquer estilo de viajante?
Sim, desde que com o coração aberto. Apesar de existirem hotéis extraordinários como Dwarika no Nepal ou as redes Six Senses e Aman no Butão, esta não é uma viagem de luxo tradicional — é uma jornada de sensações. A hospedagem pode ser simples em alguns pontos, mas o retorno emocional e cultural é imenso. Ideal para quem busca autenticidade, espiritualidade e experiências que transformam. 7. É seguro viajar pelo Nepal e Butão?
Muito. Ambos são países acolhedores e seguros. Os butaneses e nepaleses recebem o visitante com respeito e gentileza. Viajar com uma agência experiente como a Venturas garante conforto, logística eficiente e imersão cultural com tranquilidade.