Às vezes sem palavras para descrever o que vemos na Chapada Diamantina, vamos nós para o terceiro dia de passeios. Com o protetor solar na pele e na mochila para ir passando sempre que necessário, colocamos sapato confortável, óculos de sol, squeeze de água, muita energia e alegria pois hoje o dia será encantado e muito azul.
Chapada Diamantina em Sete dias – Terceiro dia
Poço Encantado
Hoje a programação para o dia de passeio será encantada e azul. Fomos conhecer o Poço Encantado e o Poço Azul.
Saindo de Igatu, Com pouco menos de uma hora de traslado, em estrada de asfalto, enfim chegamos ao Poço Encantado. Como o próprio nome já diz, ele é encantado mesmo! O poço fica localizado dentro de uma gruta, onde o acesso pode ser considerado de grau médio, após descer uma longa escadaria chegamos a entrada da caverna, daí em diante o acesso é íngreme e escuro, porém com a ajuda dos guias e das lanternas a visita à gruta é tranquila.
Conhecido internacionalmente por possuir uma beleza única, o poço, com seus 65 metros de profundidade e 110 metros de comprimento, se localiza dentro de uma gruta que possui 70 metros de altura. O poço tem cor azulada e recebe raios de luz do sol que incidem diretamente sobre a superfície da água, proporcionando um efeito visual encantador. É possível ver em qualquer época do ano, porém esse espetáculo da natureza é melhor visto no período de abril a setembro, no horário de 9:30 às 14:00 horas, onde a incidência dos raios costuma ser mais intensa, mas nada que prejudique sua ida nos outros meses do ano.
Quando chegamos, ficamos realmente perplexos com tamanha beleza do lugar. Nesse poço não é permitido banhar-se por conta de sua preservação, pois o encanto de sua cor azulada, intensa e transparente é devido à pureza de sua água, mas com certeza só de ver você vai ficar feliz e certo de que conhecer esse lugar vale muito a pena.
Como cuidado e preservação, só são permitidas entradas de grupos com até 12 pessoas que são acompanhadas do guia do poço. Aguardamos a hora do nosso passeio e lá recebemos touca descartável para prender os cabelos e em cima colocamos capacetes com lanternas para a segurança de todos. No poço é recomendável que leve apenas água e máquina fotográfica para registrar os momentos.
Ficamos 15 minutos contemplando o poço e esperando que o dia nos ajudasse a ver melhor seu espetáculo. Vimos rapidamente a incidência dos raios do sol, pois nesse dia estava um pouco nublado, mas afirmamos com toda certeza que a natureza nos contemplou com o seu melhor e ficamos muito felizes em conhecer o Poço Encantado.
A gruta é tombada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Dentre as curiosidades do poço, existe um habitante ilustre nas suas águas, lá mora um peixe muito raro: o bagre albino que tem em média 4,5 centímetros de comprimento, é cego e se guia por suas três antenas, alimentando-se dos detritos encontrados na gruta, ou seja, matéria orgânica, fezes de morcego e insetos.
Nem precisamos falar do show da natureza e o quanto aprendemos mais em cada lugar que visitamos. Assim também foi conhecer o Poço Encantado. Nos enriquecemos de conhecimento e encantos.
Poço Azul
Para não atrasar o segundo passeio do dia, a visita ao Poço Azul, era hora de se deslocar para ele. O caminho foi feito de carro e somente um pequeno trecho de caminhada. Nela pudemos atravessar um pequeno rio e molhar os pés até a nossa chegada ao local onde encontra-se o Poço Azul.
Nosso almoço estava programado para ser lá, pois no local existe um restaurante de comida caseira. Com comidas típicas da região, era hora de encontrar aquelas iguarias locais como: Godó de banana, Cortado de palma, Farofa de manteiga de garrafa, Aipim frito, Carne do sol frita, feijão, salada e muito mais.
Não precisamos nem falar que estava tudo muito bom, né? Pois bem, estava tudo mais que bom, como diz popularmente “estava de comer rezando”. Fizemos calmamente nossa refeição e logo depois nos organizamos para descer e conhecer o Poço Azul.
Nele é permitido banhar-se e claro que alguns cuidados são necessários. Antes, ainda na parte de fora do poço, é obrigatório o banho de chuveiro. O local dispõe de chuveiros para homens e mulheres poderem retirar o protetor solar e produtos do corpo e cabelo. Isso é recomendado para que não contamine a água do poço e que o lugar possa ser aproveitado ainda por muitos e muitos anos. O indicado é entrar no Poço Azul entre 13 e 16 horas, pois é quando os raios solares irradiam águas azuis, formando um espetáculo de rara beleza.
Uma boa pedida no Poço Azul é praticar flutuação, onde o visitante tem acesso ao óculos e respirador, para poder apreciar as belezas de dentro da água do poço. Mas para quem quiser somente o banho esse também já vale muito o passeio. Com uma escada para facilitar o acesso à água, o banho no Poço Azul é revigorante.
Com 15 minutos de visitação para banho e fotos, era hora de partir. A princípio pode parecer pouco tempo de visitação, mas acredite que é suficiente. Temos que pensar no todo, ou seja, no número de pessoas que visitam, e como só são permitido acesso de pequenos grupos, é importante pensar na dinâmica para que todos possam aproveitar da mesma forma. Mas acima de tudo isso está o cuidado com o meio ambiente.
Depois do dia de encantos e cores azuis era chegada a hora de seguir rumo a pousada que nos acolheu em Ibicoara.
Vale ressaltar que os meios de hospedagem nessas pequenas cidades são bastante acolhedores e vale muito a pena programar a hospedagem em mais de uma cidade da Chapada, pois assim facilita a visitação dos atrativos próximos. Em nosso caso, estávamos em um pacote previamente organizado e tivemos todo o apoio com bagagens, guias e logística nos passeios, mas mesmo que você opte por viajar por sua conta, considere que o incômodo de trocar de hotel é compensado pela logística dos deslocamentos para conhecer os melhores lugares turísticos.
Ibicoara surgiu no início do século XIX com a vinda de alguns garimpeiros que procuravam ouro. O povoado de São Bento, como inicialmente era conhecido, passou a ser ponto de descanso de tropeiros e garimpeiros que viajavam para Mucugê ou Andaraí. Lá acabou surgindo as plantações de café e a criação de gado. O povoado passou a se chamar Igarassu e, na década de 1940, passou a distrito com o nome de Ibicoara, sendo emancipado de Mucugê em 1962.
Nós ficamos hospedados mais afastados do centro, na Pousada Flor de Lótus, o que também é uma boa opção, pois é um momento para estar mais próximo da natureza e descansar, seja por que no outro dia terá mais aventuras (como é o nosso caso) ou por que está se preparando para voltar de suas férias.
Nos foi oferecido um jantar na própria pousada, e como foi bom ser bem recebido! O jantar estava maravilhoso e a sobremesa espetacular. Depois era hora de repousar para acumular energias por que no dia seguinte a Cachoeira do Buracão nos esperava.
Fica a dica:
Fazendo pernoite em Ibicoara é recomendável escolher uma pousada que ofereça jantar, exatamente por que assim você poderá descansar mais sem precisar sair de onde está. Se está planejando conhecer a Chapada Diamantina, considere que a região é extensa e que é preciso uma boa pesquisa prévia. Para aproveitar bem seus dias de férias, faça um bom planejamento ou consulte uma empresa especializada e viaje despreocupado.
Texto: Camila Jasper Fotos: Lucas Jasper.