“Hoje vamos fazer uma trilha de 18 km”. A primeira coisa que vem na mente de muita gente que está prestes a começar um passeio como este é: Será que consigo fazer? Mas com a gente foi diferente. Estávamos tão envolvidos com a viagem, com os lugares que conhecemos, com a beleza da flora e da fauna, com a tranquilidade e companheirismo do grupo, e principalmente, com a vontade de conhecer mais, que a proposta desta caminhada não nos amedrontou, pelo contrário, nos motivou ainda mais nesse novo desafio.
Esse foi o sentimento que nos envolveu no quinto dia, motivação! Como a caminhada seria longa, passaríamos o dia na trilha, portanto, mais importante ainda estar atentos a todos os itens de proteção e cuidados, com dose extra de energia, água para hidratação e disposição para percorrer a jornada do dia.
Chapada Diamantina em Sete dias – Quinto dia
Gerais do Vieira e Gerais do Rio Preto
Para essa trilha é importante sair cedo. Por volta de 8:15 saímos de Mucugê em direção ao povoado Guiné, onde chegamos 40 minutos depois. O acesso é feito por um morro e logo no início, uma subida íngreme nos aguardava. Era hora de colocar o pé na trilha. Começamos a caminhar sob uma leve chuva, mas nada que desmotivasse ou dificultasse nosso passeio. De certa forma foi até bom, justamente por que assim a temperatura estava amena, o que ajudou a vencer a dificuldade de subir por 2 horas. Em alguns trechos paramos para descansar e contemplar a paisagem.
Confesso que parecia que aquela subida não teria mais fim, mas acabou e agora era só desfrutar das paisagens dos Campos Gerais. Lá em cima a caminhada é tranquila, mas é recomendado que use roupas de proteção, protetor solar e repelente. Por cuidado é bom ter remédios de uso comum para eventuais problemas. Nós, felizmente, não tivemos nada.
A presença dos guias também é muito importante. Nós estávamos com o Van e o Tatau da Venturas Viagens, que como sempre foram excelentes companhias. Cuidadosos com tudo, nos deram tranquilidade e confiança para realizar todo o trajeto. No meio do caminho encontramos um morador ilustre da região. Uma cobra! Quieta e calma, próximo a trilha que passamos. Nesses casos é importante respeitar a natureza e não interferir no lar dos seus habitantes. Foi exatamente o que fizemos. Deixamos-a em seu descanso do dia, e como estava cheia de pose, aproveitamos para fotografar de longe e registrá-la em nossa viagem.
Neste dia estávamos caminhando dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina e a parada para o lanche, foi no mirante com vista para o famoso Vale do Pati, onde acontece um trekking de 3, 4 ou 5 dias para os mais aventureiros.
Como é uma trilha que necessita um pouco mais de disposição, não encontramos muitas pessoas fazendo a caminhada. Porém tivemos, por alguns trechos, a companhia de um grupo de ciclistas que estavam fazendo o mesmo trajeto que nós. Em outro momento também encontramos com duas moças fazendo a trilha no sentido contrário, ou seja, elas vinham do Capão sentido Guiné.
Fomos seguindo a trilha, olhando e admirando a paisagem e pensando na vida. Por mais que seja um momento de descontração e passeio, nós nos deparamos diversas vezes pensando o quão bom é viver. Quanta coisa existe e que não sabemos. Como há diversas formas de ver e de viver no mundo e que são essas diferenças que nos fazem ser únicos.
Nesse momento já tínhamos avançado bastante o caminho e duas grandes descidas se aproximavam. A primeira descida é chamada ladeira do Quebra Bunda! Com mais de um quilômetro de extensão, a ladeira na sua maioria, é formada por pedras de diferentes tamanhos, o que acabou nos cansando as pernas um pouco mais. Como a descida é bastante íngreme o resultado foi que demoramos um tempo maior para poder concluir. Atenção e paciência são fundamentais nesse tipo de terreno para evitar acidentes.
Mais à frente, já próximo da chegada ao nosso destino, passamos pela Ladeira do Bomba, uma trilha estreita em meio a vegetação fechada, mas nada que fosse muito complicado de passar. Pequenos riachos no caminho também faziam parte da harmonia do lugar, e em um deles, aproveitamos para encher nossas garrafinhas, beber água e nos refrescar.
O dia já estava se indo, o sol anunciava seu repouso, e nós precisávamos cruzar três riachos para poder chegar no Capão. Logo passamos pelo primeiro. Um tempo depois pelo segundo. Mais ou menos vinte minutos depois, cruzamos o terceiro e por volta das 17:50, nós chegamos ao Capão! Ainda com o dia claro, conseguimos concluir nossa trilha com a sensação de vitória e alegria, pois o dia tinha sido mais que maravilhoso, tinha sido inesquecível.
Fomos para o carro e em alguns minutos chegamos na Pousada do Capão. Em meio a histórias, resenhas e risos, fomos nos preparar para o jantar que mais uma vez foi extremamente delicioso. Alguns ficaram um pouco mais, admirando a lua e esquentando-se na fogueira. Para nós, Depois de experienciar esse dia, estava na hora de descansar bastante, pois no outro dia uma gigante nos esperava. Isso mesmo, a Cachoeira da Fumaça!
Texto: Camila Jasper Fotos: Lucas Jasper.